terça-feira, julho 03, 2007

Cartas a Deus


Como agora até parece que tenho já alguns fieís leitores do meu blog, não posso desiludir, né!!!
Hoje dou-vos a conhecer um livro, mas este é um livro especial “Cartas a Deus”.
Quem quantas vezes não pensámos já n’Ele e na forma como nos relacionamos ou não com Ele, ou quantas vezes não nos esquecemos d’Ele, achando nós próprios que somos o “Deus”.

Este livro consiste num conjunto de textos escritos por diversas personalidades públicas que aceitaram o desafio de responderem à seguinte questão: “O que diria eu a Deus se tivesse oportunidade de lhe escrever uma carta?”
Crentes e não crentes responderam, mas uma carta chamou-me a atenção, pois de algum modo apesar de tudo ou será de nada, senti-me identificado...
Deixo-vos um excerto da carta de António Sala que bem podia ser a minha, a tu!!!

“Deus Eternos e Pai Universal
Tenho contactado contigo de várias formas, mas por escrito é a primeira vez.
(...)
É pois a primeira carta que te escrevo. (...) tenho utilizado a palavra e o pensamento para te falar.
Já o fiz em locais de adoração e oração, de forma pública. No entanto, a grande maioria das vezes, faço-o de forma totalmente silenciosa. Muda e solitária. Nem sempre nos melhores locais e circunstâncias, mas acredito que se isso para mim não é importante para Ti nemos será. Falo-Te em casa, na cama, à mesa, no carro, na rua, no trabalho, em férias, um pouco por todo o lado. Tadas essas vezes, não emito qualquer som ou palavra, apenas penso. Penso em Ti. Construo as frases no pensamento sem lhes dar sonoridade, não as materializo. Sempre fui assim. Contigo, acredito em telepatia. Falo-Te em silêncios.
Quando acho que Te devo agradecer algo de bom que me acontece, sou mudo.
Já em miúdo quando recebia o brinquedo que desejava, o resultado positivo do teste, do exame, o sim da namorada, lá Te dirigia um obrigado em pensamento.
Mais tarde, continuei a agradecer em silêncios, o emprego que consegui, a família que escolhi, e o filho que sonhei. Continuei a usar o silêncios para te agradecer a saúde, as promoções, (...) Sei que apenas agradeci em pensamento, mas não deixei de agradecer certo? Deveria ser diferente? Fico hesitante.
Pensando agora mais calmamente, essas formas d«silenciosas de Te dizer obrigado parecem-me insuficientes. Mesmo algo injustas. Isto porque em voz alta, se calhar alta demais, algumas vezes ela soube aparecer para te dizer palavras magoadas, o que pensava a Teu respeito sobre a justiça e a injustiça e o que em Ti não entendia.
(...)
Se fizesse uma lista das vezes em que me apeteceu gritar Contigo, acho que seria longa. Algumas das razões ainda hoje me parecem fortes. Outras no entanto são fruto apenas da minha mesquinhez, já que como disse François Chateaubriand: “O homem que compreendesse Deus seria outro Deus”. Penso muito nisto.
(...)
Na maioria dos dias da minha vida, vejo-Te, sinto-Te e oiço-Te. Não apenas de forma metafórica e poética, mas espiritualmente literal. É verdade.
(...)
Prometo que vou tentar falar Contigo de todas as formas.
Com silêncios, com palavras, nos bons e maus momentos. Já sabes que sou mais de pedir, do que de agradecer. Vou sempre ter mais dúvidas do que certezas. Não preciso de me justificar mais. Tu. Como ninguém conheces a minha natureza.
Obrigado pela vida que me ofereceste, e estou certo que no fim dela, Te encontrarei da forma mais natural. Então, espero que Tu, Pai de todos os Mistérios, me dês a entender todas as coisas que hoje não entendo.”


Que testemunho profundo do António Sala.
Este livro parece se muito interessante.
Afinal como nos relacionamos nós com Ele, acho que poderia ser giro, crentes e não crentes, cada um de nós, escrever uma carta para Ele.

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