sexta-feira, julho 13, 2007

Sexta-Feira, 13...



Tem medo da sexta-feira 13? Existe uma corrente que defende a existência de uma fobia, a paracavedecatrifobia, o que é totalmente desmonstado pelo Prof. Dr. Américo Baptista, psicólogo especialista em fobias, pois considera que o sentimento em relação a este dia é apenas uma superstição.
«A ciência existe há pouco tempo, por isso antigamente como não havia conhecimento atribuíam-se a este tipo de coisas a razão de certas situações. É que quando encontramos uma explicação surge a tranquilidade», frisou, acrescentando que «a crença e a superstição dão uma certa coerência à vida».
Será, então, um dia de azar ou apenas mais uma oportunidade para alimentar superstições? A teoria mais forte aponta para uma série de factores ligados a Jesus Cristo, que poderá ter morrido numa sexta-feira ou o facto de Judas ser o 13º convidado para a Última Ceia. Também se diz que o mito da sexta-feira 13 surgiu no longínquo ano de 1307, quando o rei Filipe IV de França declarou a Ordem dos Templários ilegal, ordenando a prisão dos seus membros, tal como é descrito no «Código da Vinci», de Dan Brown. De qualquer forma, não existe consenso, o que adensa o cariz quase sobrenatural da data.
O mais estranho é que, segundo o Instituto da Fobia de Ashville, na Carolina do Norte (EUA), estima-se que 17 a 21 milhões de americanos têm medo de sair de casa numa sexta-feira 13, causando prejuízos avultados nas empresas transportadoras. Em todo o caso, segundo um estudo de cinco anos divulgado recentemente pela maior seguradora britânica, a Norwich Union, existem mais registos de acidentes neste dia do que noutro qualquer. Verifica-se até um acréscimo de... treze por cento.
«A nossa análise dos dias mais perigosos para conduzir deu algum crédito à superstição da sexta-feira 13. É difícil encontrar uma explicação para isto, talvez seja porque as pessoas já têm receio e acabam por reagir de forma diferente», explicou à BBC Nigel Bartram, director da Norwich Union, a propósito dos acidentes neste dia, que já tinham sido motivo de estudo nos anos 90 por parte do prestigiado «British Medical Journal».
O número 13

Mas o fenómeno é bem mais vasto, uma vez que o próprio número 13 é muitas vezes conotado com o azar. Não são raras as vezes em que não existe o quarto 13 num hotel, a rua 13 numa cidade, ou o piso 13 num prédio. O filme de terror que ninguém se esquece é precisamente o «Sexta-feira 13».
Para Fidel Castro ou Margaret Tatcher, porém, este é um dia de felicidade, pois foi precisamente numa sexta-feira 13 que nasceram. Foi neste sentido, tentando desmontar a ideia de azar, que o Padre António Fontes decidiu criar a «noite das bruxas» em Montalegre, onde as superstições são encaradas de frente, sem complexos e até com espaço para brincadeira. A ocasião já serve como cartaz turístico, atraindo milhares de pessoas à região.
«Temos mais de mil pessoas com marcações nos restaurantes da região, mas para a queimada da aguardente, que se realiza entre as 23 e as 24h no Castelo de Montalegre, esperamos cerca de cinco mil», disse ao PortugalDiário o controverso padre, também conhecido como «Dom Bruxo» e que organiza no Hotel Rural um jantar especial «diabólico» a quinze euros por pessoa.
«O objectivo é desmistificar o receio que as pessoas têm desta data. A ideia baseou-se no facto de se dizer que as bruxas se reuniam às terças [aliás, em Espanha há a terça-feira 13, com o mesmo significado] e sextas, aliado ao número 13, normalmente associado ao azar. Teatralizámos a questão e as pessoas gostaram. Agora, temos pessoas que vêm cá de propósito e até já temos marcação para a próxima sexta-feira 13, que será em Julho», frisou.
Se não tem medo deste tipo de superstições e quiser passar uma sexta-feira diferente, vá até Trás-os-Montes, até Montalegre, vista-se e fale como o resto das bruxas: «Eu te benzo Belzebu, com as fraldas do meu cú. Enquanto eu vou e venho, não acordes tu, Ah! Ah! Ah!».

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